Hermafroditismo divide especialistas
«Hermafrodita Adormecido», escultura romana do século II
Um, dois, ... cinco sexos
"Existem várias teorias mas a mais marcante e a que mais se aproxima da realidade prática e clínica é a que contrapõe aos dois sexos clássicos (masculino e feminino ) à existência de mais três, o pseudo-hermafroditismo masculino, o pseudo-hermafroditismo feminino e o hermafroditismo verdadeiro, num total de cinco sexos", declarou Nuno Monteiro Pereira, urologista e director da Clínica do Homem e da Mulher, em Lisboa.
Os pseudo-hermafroditas masculinos têm testículos, mas o aspecto do corpo pode não ser masculino. Os pseudo-hermafroditas femininos têm ovários, embora fisicamente possam não parecer femininos. Por último, os hermafrodistas verdadeiros possuem, em simultâneo, ovários e testículos.
A classificação dos cinco sexos baseia-se na presença ou ausência de testículos, ainda que a gónada primordial seja sempre a feminina. "Se houver cromossomas Y, ela transforma-se em testículo, se não houver, será sempre ovário", esclareceu o urologista.
Este acrescentou ainda que na evolução das espécies, o sexo feminino foi o primeiro a aparecer e que o masculino surgiu meio milhão de anos depois. “Ainda hojetemos espécies onde só existem seres femininos mas não temos qualquer espécie apenas com seres masculinos", exemplificou.
Relativamente à atleta sul-africana que participou nos mundiais de atletismo de Berlim, o especialista acredita que se trata de uma situação de pseudo-hermafroditismo masculino, possivelmente devido a uma deficiência enzimática. Explicou que no caso de Caster Semenya, que tem um corpo ambíguo, a ausência de um pénis pode ter sido o factor decisivo para a classificarem como uma “menina”. A presença escondida de testículos interiores poderá justificar a elevada produção de testosterona, factor que lhe permite ter elevadas performances atléticas.
"Hermafroditas verdadeiros são muito raros"
Segundo o também coordenador do mestrado de Sexologia na Universidade Lusófona,"os hermafroditas verdadeiros são muito raros e têm, quase sempre, um aspecto masculino, embora se lhes desenvolvam as glândulas mamárias na adolescência", altura em que normalmente descobrem a sua condição.
O sexólogo diz só ter conhecimento de um caso de hermafroditismo verdadeiro em Portugal, embora reconheça a possibilidade de ter existido outro no princípio do século XX, mas que carece de confirmação.
Ao invés de ambiguidade sexual, Nuno Monteiro Pereira considera que é mais correcto utilizar o termo intersexo, que se refere à coexistência, no mesmo indivíduo, de elementos anatómicos característicos dos sexos masculino e feminino.
Há muitas situações em que a ambiguidade não se verifica, como no pseudo-hermafroditismo masculino por insensibilidade androgénica , conhecido por síndrome dos testículos feminizantes. Nesta situação “não há receptores para a [hormona] dihidrotestosterona, pelo que existe uma mulher com um corpo muito feminino mas com testículos e cromossomas masculinos", explicou.
"Contexto social influencia perturbações do desenvolvimento sexual"
Outro especialista da área, Francisco Allen Gomes, psiquiatra e sexólogo, rejeita a teoria dos cinco sexos. Na sua opinião, há "estados intersexos ou perturbações do desenvolvimento sexual, que têm várias características, diferentes umas das outras, e apresentam uma grande variabilidade de expressão".
O autor de "Paixão, Amor e Sexo" defende que essas manifestações podem não ser meramente biológicas, mas também sociais. "Podemos ter uma pessoa com o cromossoma 46, XX, com uma hiperprodução de testosterona na altura do nascimento e um aspecto feminino virilizado que segue uma via de desenvolvimento masculino e ter outra pessoa exactamente na mesma situação que segue a via de desenvolvimento feminino", afirmou.
O sexólogo considera que uma pessoa é aquilo que se sente em termos de género. Defende que há apenas os sexos masculino e feminino e estados intersexuais com variações e consequências diferentes de pessoa para pessoa.
Apesar das discrepâncias de ideias, os dois especialistas concordam com a inexistência de um sexo nulo.“Não existem pessoas assexuadas. Podem não ter actividade sexual mas têm uma identidade sexual. Neste campo, não há pessoas neutras ", concluiu Allen Gomes.
"Existem várias teorias mas a mais marcante e a que mais se aproxima da realidade prática e clínica é a que contrapõe aos dois sexos clássicos (masculino e feminino ) à existência de mais três, o pseudo-hermafroditismo masculino, o pseudo-hermafroditismo feminino e o hermafroditismo verdadeiro, num total de cinco sexos", declarou Nuno Monteiro Pereira, urologista e director da Clínica do Homem e da Mulher, em Lisboa.
Os pseudo-hermafroditas masculinos têm testículos, mas o aspecto do corpo pode não ser masculino. Os pseudo-hermafroditas femininos têm ovários, embora fisicamente possam não parecer femininos. Por último, os hermafrodistas verdadeiros possuem, em simultâneo, ovários e testículos.
A classificação dos cinco sexos baseia-se na presença ou ausência de testículos, ainda que a gónada primordial seja sempre a feminina. "Se houver cromossomas Y, ela transforma-se em testículo, se não houver, será sempre ovário", esclareceu o urologista.
Este acrescentou ainda que na evolução das espécies, o sexo feminino foi o primeiro a aparecer e que o masculino surgiu meio milhão de anos depois. “Ainda hojetemos espécies onde só existem seres femininos mas não temos qualquer espécie apenas com seres masculinos", exemplificou.
Embora os orgãos sexuais externos
de Caster Semenya sejam femininos,
os internos são masculinos
de Caster Semenya sejam femininos,
os internos são masculinos
"Hermafroditas verdadeiros são muito raros"
Nuno Monteiro Pereira diz
que «os hermafroditas verdadeiros
são muito raros»
que «os hermafroditas verdadeiros
são muito raros»
O sexólogo diz só ter conhecimento de um caso de hermafroditismo verdadeiro em Portugal, embora reconheça a possibilidade de ter existido outro no princípio do século XX, mas que carece de confirmação.
Ao invés de ambiguidade sexual, Nuno Monteiro Pereira considera que é mais correcto utilizar o termo intersexo, que se refere à coexistência, no mesmo indivíduo, de elementos anatómicos característicos dos sexos masculino e feminino.
Há muitas situações em que a ambiguidade não se verifica, como no pseudo-hermafroditismo masculino por insensibilidade androgénica , conhecido por síndrome dos testículos feminizantes. Nesta situação “não há receptores para a [hormona] dihidrotestosterona, pelo que existe uma mulher com um corpo muito feminino mas com testículos e cromossomas masculinos", explicou.
"Contexto social influencia perturbações do desenvolvimento sexual"
Allen Gomes rejeita a teoria
dos cinco sexos
dos cinco sexos
O autor de "Paixão, Amor e Sexo" defende que essas manifestações podem não ser meramente biológicas, mas também sociais. "Podemos ter uma pessoa com o cromossoma 46, XX, com uma hiperprodução de testosterona na altura do nascimento e um aspecto feminino virilizado que segue uma via de desenvolvimento masculino e ter outra pessoa exactamente na mesma situação que segue a via de desenvolvimento feminino", afirmou.
O sexólogo considera que uma pessoa é aquilo que se sente em termos de género. Defende que há apenas os sexos masculino e feminino e estados intersexuais com variações e consequências diferentes de pessoa para pessoa.
Apesar das discrepâncias de ideias, os dois especialistas concordam com a inexistência de um sexo nulo.“Não existem pessoas assexuadas. Podem não ter actividade sexual mas têm uma identidade sexual. Neste campo, não há pessoas neutras ", concluiu Allen Gomes.
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